segunda-feira, 11 de abril de 2016

Papa Alerta: Doutores da lei, se preocupem com a pessoas e menos com as leis e as palavras.

Papa: doutores da lei estão fechados à profecia e à vida
SEGUNDA-FEIRA, 11 DE ABRIL DE 2016, 8H29
Na homilia de hoje, Papa critica rigidez dos doutores da lei, que se importam mais com leis e palavras do que com as pessoas

Da Redação, com Rádio Vaticano


Francisco na Capela da Casa Santa Marta / Foto: L’Osservatore Romano

Os doutores da lei julgam os outros usando a Palavra de Deus contra a Palavra de Deus, fecham o coração à profecia, a eles não importam as pessoas, mas somente os esquemas feitos de leis e palavras. Essa foi a reflexão central do Papa Francisco na Missa desta segunda-feira, 11, na Casa Santa Marta.

A homilia teve como foco a primeira leitura, dos Atos dos Apóstolos, em que os doutores da lei acusam Estêvão com calúnias porque não conseguem “resistir à sabedoria e ao Espírito” com que ele falava. Instigam falsos testemunhos para dizer que o ouviram “pronunciar blasfêmias contra Moisés, contra Deus”.

“O coração fechado à verdade de Deus fica preso somente à verdade da lei, ou melhor, mais do que pela lei, pela letra, e não encontra outra saída a não ser a mentira, o falso testemunho e a morte”, explicou o Papa. Jesus já os havia repreendido por esta atitude, porque seus pais tinham matado os profetas, e eles, agora, construíam monumentos a esses profetas.

A resposta dos “doutores da letra”, segundo o Papa, é mais cínica do que hipócrita. “Se nós estivéssemos na situação dos nossos pais, não teríamos feito o mesmo”. E assim – explicou Francisco, se lavam as mãos e se julgam puros diante de si mesmos. Mas o coração está fechado à Palavra de Deus, está fechado à verdade, está fechado ao mensageiro de Deus que traz a profecia para levar avante o povo de Deus.

“Faz-me mal quando leio aquele pequeno trecho do Evangelho de Mateus, quando Judas arrependido vai aos sacerdotes e diz ‘pequei’ e quer dar … e dá as moedas. ‘Que nos importa! – dizem eles – o problema é seu!” Um coração fechado diante deste pobre homem arrependido que não sabia o que fazer. ‘O problema é seu’ e foi se enforcar. E o que eles fazem quando Judas vai se enforcar? Falam e dizem ‘mas, pobre homem? Eh, sim…’ Não! As moedas, rápido! Essas moedas são a preço de sangue, não podem entrar no templo …’ e a regra é esta, esta e esta… Os doutores da letra”.

Francisco explicou que aos “doutores da letra” não importa a vida de uma pessoa, no caso, não importava o arrependimento de Judas, mas somente o seu esquema de leis e muitas palavras e coisas que construíram. “Esta é a dureza de seu coração. Esta é a dureza do coração, da tolice do coração dessa gente que, como não podia resistir à verdade de Estêvão, vai procurar testemunhos, testemunhas falsas para julgá-lo.”

Estêvão, afirmou o Papa, termina como todos os profetas, termina como Jesus. Isso se repete na história da Igreja. “A história nos fala de muita gente que foi morta e julgada não obstante fosse inocente. Julgada com a Palavra de Deus, contra a Palavra de Deus. Pensemos na caça às bruxas ou em Santa Joana D’Arc, em muitos outros que foram queimados e condenados porque não se ajustaram, segundo os juízes, à Palavra de Deus. É o modelo de Jesus que, por ter sido fiel e obedecido à Palavra do Pai, termina na cruz. Com muita ternura Jesus diz aos discípulos de Emaús: ‘Ó tolos e tardos de coração’! Peçamos hoje ao Senhor para que com a sua ternura olhe as pequenas e grandes tolices de nosso coração, nos acaricie e nos diga ‘Ó tolos e tardos de coração’ e comece a nos explicar as coisas.”

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